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Droga, pulsão de morte.



Nesse, texto, eu quero sobre tudo tentar explicar que, enquanto o comportamento do dependente químico segue características da doença, proveniente de alterações devido aos seus efeitos diretos no cérebro e no sistema nervoso central. Elas (as drogas) interferem nos processos químicos que regulam funções como pensamento, percepção, emoções e, como consequência, o comportamento foge à instância de seu próprio controle. Eu já gravei muitos vídeos sobre esse resultado comportamental, mas tenho dois que estão disponíveis no meu canal do YouTube: a interferência da droga no aparelho psíquico e as distorções cognitivas, são vídeos rápidos e objetivos, porém esclarecedores.

Voltando para a proposta desse texto, e através deste, quero explicar que, em paralelo a esse padrão estrutural da doença, considerando que ela é progressiva, podemos afirmar que ela vai criando camadas mais profundas ao longo do tempo devido à intoxicação do organismo.

Quanto maior a intoxicação, mais o organismo emite pulsões de desejo do curto prazer da droga e aí que eu entro na máxima desse texto. A droga transformará a vida do dependente químico em pulsão de morte.

Na teoria de Freud, pulsão designa a representação psíquica de estímulos originados no organismo e chegam até a mente, ou seja, a fissura (abstinência) causada pela falta da droga no organismo causa uma representação psíquica, também conhecida como representação mental ou cognitiva, é um conceito que se refere à forma como o ser humano constrói um modelo do mundo real na sua mente, ao longo do tempo o dependente químico passa interpretar a vida segundo essas pulsões, um processo somático do organismo de necessidades de prazer, a conclusão é um ser humano cheio de pulsões e impulsividades para realização dessa necessidade de prazer. No vídeo sobre a interferência da droga no aparelho psiquico eu falo sobre o ID que é a instância predominante de prazer na psique humana.

A pulsão é uma ideia que se relaciona a uma força interna essencialmente inconsciente que impele o comportamento humano para determinadas finalidades, ou seja, em direção a algo, ainda que inconscientemente.

Acredito que você, através dessa leitura até aqui, já entendeu o que eu quero dizer quando falo que a droga é pulsão de morte, mas eu gostaria de terminar resumindo minha opinião prática do processo:

Ela é pulsão de morte porque através da subjetividade das dores e das alterações causadas pela droga o dependente químico inconscientemente objetiva sua vida em razão disso, logo ele vive para usar e usa para viver como um processo de alívio que de maneira paradoxal a droga é a maior causadora desse processo de dor que o leva a busca pelo alívio, ou seja, um ciclo infindável e mortal.

Ela é pulsão de morte porque mata aquilo que é mais sagrado para o ser humano, o amor-próprio, onde o desleixo toma conta de si, permitindo que o mesmo se submeta a condições desumanas.

É pulsão de morte porque destrói aquilo que mais compõe a vida do ser humano, que são as relações, a afetividade ao próximo.

É pulsão de morte porque, mergulhado ao prazer da droga, a vida vira um desprazer, um vazio, sem sentido.

É pulsão de morte porque todo meu desejo é direcionado na satisfação de um prazer de natureza orgânica e não espiritual.

É pulsão de morte porque satisfaz o corpo e mata a alma, o corpo tem seu destino ao pó da terra.

É pulsão de morte porque desconstrói toda minha natureza e personalidade e me afasta do meu verdadeiro Eu, aquele chamado para existência e acaba entrando em inexistência e me levando a uma forma cada vez mais primitiva de ser, uma viagem ao estado inorgânico, A pulsão por morte mostra caminhos para que um ser vivo caminhe em direção ao seu fim.

Quando eu usava drogas, eu inconscientemente caminhava nessa direção.

A sobriedade é o caminho para a pulsão de vida e com certeza esse será um tema para um próximo texto.

Eu espero que você tenha entendido isso, e que você se liberte desse combustível propulsor de morte inconsciente que é a droga, portanto, sejam sóbrios e conscientes!


Luciano Ribeiro.

 
 
 

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